20 julho, 2006

Djembézada!


A época de festivais de Verão (rock, world, outros...) já não tem data nem locais certos para começar, mas é verdade que a época dos festivais «a sério» - isto é, fora dos grandes centros urbanos, com muita gente no campismo e djembés a rodos - costuma começar com o de Vilar de Mouros (que decorre este fim-de-semana). E como a maior parte da rapaziada que batuca nos djembés durante os festivais (antes dos concertos, entre concertos, durante os concertos, depois dos concertos...) toca, geralmente, muito mal, não era nada má ideia que os candidatos a percussionistas pusessem os ouvidos nestes dois álbuns, editados recentemente. São só dois mas têm das melhores djembézadas que se podem ouvir...

BABATUNDE OLATUNJI
«CIRCLE OF DRUMS»

Chesky/Megamúsica

Babatunde Olatunji (falecido com 75 anos em 2003) é uma lenda. Percussionista nigeriano, editou em 1959 o seminal álbum «Drums of Passion», que deu a conhecer aos Estados Unidos e Europa os ritmos da África ocidental. Radicado em Nova Iorque, influenciou gente como o baterista Mickey Hart (dos Grateful Dead); Bob Dylan cantou acerca dele; John Coltrane gravou na sua fundação, o Olatunji Center for African Music, no Harlem; Martin Luther King e Malcolm X aconselharam-se com ele. Este «novo» álbum, «Circle of Drums», foi gravado em 1993 com a companhia de Muruga Booker (percussionista sérvio que tocou com os Weather Report) e Sikiru Adepoju (percussionista nigeriano, discípulo de Olatunji). E o resultado da junção (ainda com outros intrumentistas e a cantora Shakti) é uma viagem interminável, circular, mágica, que nos suga lá para dentro e não nos deixa sair. Hipnose total. (8/10)

MAMADY KEITA & SEWA KAN
«LIVE @ COULEUR CAFÉ»

Fenix Music/Megamúsica

Quando se fala de música da zona mandinga – do Senegal, do Mali, das Guinés... - fala-se, geralmente, de griots, dos blues que por lá nasceram, de guitarristas maravilhosos como Ali Farka Touré e de instrumentos como a kora, o balafon ou o n’goni. E esquece-se, muitas vezes, um dos instrumentos fundamentais da música feita na África Ocidental: o djembé. Felizmente, há discos como este «Live @ Couleur Café» para repor a justiça. Aqui, o extraordinário percussionista Mamady Keita (da Guiné-Conacri) e a sua banda Sewa Kan servem um festim – gravado ao vivo em Bruxelas, em 2004 – de batucadas riquíssimas de ritmos e timbres, também com a adição de coros femininos e... kora, balafon e n’goni nas mãos de alguns convidados. É festa e dança e calor do princípio ao fim. (7/10)

Sem comentários: