10 dezembro, 2007

Cromos Raízes e Antenas XXXIII


Este blog continua hoje a publicação da série «Cromos Raízes e Antenas», constituída por pequenas fichas sobre artistas, grupos, personagens (míticas ou reais), géneros, instrumentos musicais, editoras discográficas, divulgadores, filmes... Tudo isto sem ordem cronológica nem alfabética nem enciclopédica nem com hierarquia de importância nem sujeita a qualquer tipo de actualidade. É vagamente aleatória, randomizada, livre, à vontade do freguês (ou dos fregueses: os leitores deste blog estão todos convidados a enviar sugestões ou, melhor ainda!, as fichas completas de cromos para o espaço de comentários ou para o e-mail pires.ant@gmail.com - a «gerência» agradece; assim como agradece que venham daí acrescentos e correcções às várias entradas). As «carteirinhas» de cromos incluem sempre quatro exemplares, numerados e... coleccionáveis ;)


Cromo XXXIII.1 - Mari Boine


A extraordinária cantora norueguesa Mari Boine (nascida a 8 de Novembro de 1956, em Finnmark, Noruega) é, ao mesmo tempo que carrega consigo as tradições mais antigas do povo sami (a designação correcta dos lapões), uma criadora aberta a diversas influências - rock, jazz, electrónicas -, que inclui na sua música. Dona de uma voz moldada no estudo e na prática do canto yoik - comum ao povo sami, que se espalha pela Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia -, Boine soube sempre fazer a ponte entre músicas diferentes e, sempre também, pôr o todo ao serviço da defesa do seu povo, vítima de abusos por parte das diversas autoridades escandinavas, à semelhança do que se passa com os índios da Amazónia e da América do Norte ou os aborígenes australianos. O seu primeiro álbum internacional, «Gula Gula» (1989), foi editado pela Real World e parte do mundo tomou conhecimento dela, e através dela, da música dos samis.


Cromo XXXIII.2 - Antibalas Afrobeat Orchestra


Grupo nova-iorquino, de Brooklyn, mas com músicos de várias origens, a Antibalas Afrobeat Orchestra (agrupamento também conhecido, simplesmente, como os Antibalas e, mesmo no início, como Conjunto Antibalas) foi formada em 1998 por músicos que tinham tocado na banda Africa 70 (do lendário Fela Kuti) e da Eddie Palmieri's Harlem River Drive Orchestra. E, naturalmente, a base da sua sonoridade é o afro-beat tal como desenhado por Kuti, mas integrando também outras influências (música mandinga, música cubana, funk, jazz, dub, hip-hop...). Incluindo nas letras dos seus originais fortes mensagens políticas - à semelhança do seu «mentor» nigeriano -, os Antibalas editaram o seu primeiro álbum, «Liberation Afrobeat Vol. 1», em 2000, ao qual se seguiram «Talkatif» (2002), «Who is This America?» (2004) e «Security» (2007), este último surpreendentemente produzido John McEntire (dos Tortoise).


Cromo XXXIII.3 - Nitin Sawhney


Nitin Sawhney (nascido em Rochester, Kent, em 1964) é inglês mas de origem indiana e um verdadeiro cidadão do mundo, no sentido em que busca inúmeras sonoridades para as incluir na sua música. Nitin é um mago das electrónicas mas também toca piano, guitarra clássica (chegou a estudar flamenco na sua juventude), sitar e tablas. É produtor, compositor, DJ, arranjador, remisturador... e sempre com um bom-gosto acima de qualquer suspeita. A sua chegada à alta-roda musical deu-se quando começou a fazer parte do grupo de acid-jazz The James Taylor Quartet, do qual saiu para formar a sua própria banda The Jazztones. Outro marco fundamental da sua carreira foi a colaboração com outra luminária, Talvin Singh, no Tihai Trio. Depois, chegou a fazer comédia - com sucesso - na BBC, antes de se ter lançado numa frutuosíssima carreira musical a solo, em 1993, com o álbum «Spirit Dance». Temas de Sting, Natacha Atlas, Nusrat Fateh Ali Khan ou Paul McCartney - que também canta num tema do seu último álbum, «London Undersound» (2008) - já foram remisturados por ele.


Cromo XXXIII.4 - Spaccanapoli


Spaccanapoli é a enorme avenida que separa Nápoles em duas metades. Mas é também o nome de uma banda musical que tem as suas origens longínquas num grupo operário de intervenção criado durante os anos 70, o ‘E Zezi, de Pomigliano D’Arco, onde se reuniam trabalhadores da indústria automóvel para fazer teatro, música, política... E a base teórica da sua música é a pesquisa exaustiva de canções tradicionais napolitanas, de outras regiões italianas e da bacia do Mediterrâneo. Mas dizer isso é dizer muito pouco para se caracterizar a música dos Spaccanapoli: uma música viva, pulsante, actualíssima. Formados por Marcello Colasurdo (voz e tammorra - uma enorme pandeireta), Monica Pinto (voz), Antonio Fraioli (violino e percussão), Oscar Montalbano (baixo e guitarra) e Emilio De Matteo (guitarra), os Spaccanapoli tiveram no seu álbum «Lost Souls - Aneme Perze», publicado pela Real World, um marco da folk europeia.

5 comentários:

ANNA-LYS disse...

Thanks for not forgetting the North of North!

(( kram ))

António Pires disse...

Anna-Lys:

I never forget :) And you know that I love Mari Boine too!...

((kram))

ANNA-LYS disse...

too? ;-)

(( kram ))

António Pires disse...

Anna-Lys:

Huuuuum, «too» or «also»? ;)

OK, now «serious»: you did a post with Mari Boine music («Boadan Nuppi Bealde») some weeks go, so...

A *kiss* and a ((kram))

António Pires disse...

Edit: some weeks ago...