05 agosto, 2010

Afro-beat - O Passado, o Presente e o Futuro


O afro-beat (há muita gente que escreve as duas partes de afrobeat - a grafia normalizada e absolutamente aceitável do termo - pegadas, mas eu cá uso um hífen por razões íntimas e pessoais...) é um dos géneros pioneiros da mestiçagem de músicas africanas e anglo-saxónicas.E, ainda hoje, há milhares de bandas e de artistas a praticá-lo. Neste post - que recupera três textos publicados originalmente na "Time Out" - fala-se dos modernos Fanga, do veterano Dele Sosimi (ex-teclista de Fela Kuti, o inventor do género) e de alguém que passeou pelo afro-beat mas também por muitas outras músicas: o incontornável - olá Toni :) - Manu Dibango (na foto).

Fanga
"Natural Juice"
(Underdog Records)

O afro-beat – fixado nos anos 70 pelo nigeriano Fela Kuti, que reuniu de forma genial elementos (e instrumentos) dispersos de várias músicas norte-americanas (funk, jazz, soul..) com estilos africanos – é um género ingrato: ou é muito bem tocado e, mais importante ainda, extremamente inventivo ou pode transformar-se numa imensa chatice. Esse não é, de caras, o caso deste álbum dos franceses Fanga. Começando com um tema afro-beat de formato clássico (e com o grande Tony Allen a dar uma ajuda), o álbum “Natural Juice” segue depois – e apesar de manter sempre a matriz do afro-beat bem presente (nas teclas, na secção de metais, nas percussões...) - em roda livre por outras sonoridades africanas, das mandingas à juju music (com King Sunny Adé como outro papa dos Fanga) e com uma série de remisturas modernaças, mas de extremo bom-gosto, a ajudar ao resultado final. (****)




Dele Sosimi
"Identity"
Helico Records

Se calhar, muita gente conhece uma canção de Dele Sosimi sem saber quem raio poderá ser o seu autor: “Turbulent Times”, na remistura de Paul Oakenfold e com uma base que deve tudo ao... “Smells Like Teen Spirit”, dos Nirvana, e que de Sosimi só mantém o refrão (a voz dele e os coros femininos). Passa em muitas discotecas, com sucesso. Mas dele convirá conhecer, mesmo, a obra original. Uma obra que se inscreve sempre na grande família do afro-beat fundado por Fela Kuti – continuada pelos filhos Femi e Seun e pelos seus antigos companheiros de banda como Tony Allen e o próprio Dele Sosimi, durante muitos anos o teclista e director de orquestra de Fela e, depois da sua morte, um dos seus maiores e mais legítimos representantes. Oiça-se este álbum e veja-se como, aqui, o afro-beat é uma realidade. Viva e actual. (****)



Manu Dibango
"Makossa Man: The Very Best Of"
Nascente/Megamúsica

Não é por acaso que este “best of” de Manu Dibango se chama "Makossa Man" – o tema “Soul Makossa” foi, na primeira metade dos anos 70, um enorme sucesso em toda a África e também na Europa e Estados Unidos, lançando o nome do saxofonista (e vibrafonista) camaronês Manu Dibango para a ribalta. E muito justamente: “Soul Makossa” foi, com a sua mistura de funk, jazz e afro-beat um precursor do disco-sound, tendo sido usado e recriado por nomes como Michael Jackson, Wyclef Jean, Jay-Z, A Tribe Called Quest ou Rihanna. Mas a carreira de Manu Dibango tem muitos outros pontos altos, como esta colectânea comprova – brilhante a sua citação livre, e irónica!, de “Le Freak” (dos deuses do disco-sound Chic), por ele ironicamente rebaptizada “Ah Freak Sans Fric” (tradução fonética: “África sem Dinheiro”).(*****)

1 comentário:

Anónimo disse...

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